domingo, outubro 01, 2006

Arte urbana com falhas

Na passada sexta-feira à noite, fui a Lisboa à procura da Luzboa. Uma boa ideia, um bom trocadilho. Mas pouco mais do que isso.
Não sei se ouviram falar deste evento. Foi a segunda vez que cá esteve e ontem teve o seu termo. Consistia em enfeitar as ruas da Lisboa nocturna com luzes verdes, vermelhas e azuis e trazer a arte contemporânea para a rua. Havia vários percursos pedonais, cada qual com a sua cor, durante os quais éramos convidados a observar projecções e jogos de luzes que representassem a arte moderna. Ou, pelo menos, era o que se ouvia dizer.

As expectativas eram altas. “Deve ser muito giro! Lisboa com iluminações diferentes e projecções engraçadas. Há tantas coisas interessantes para fazer com luz e tantas cabecinhas cheias de criatividade!”. Porém, ou fui eu que não tive sorte, ou aquilo não era o que se dizia.
Dois carros partiram de Santo António e foram até ao Príncipe Real. Daí passaram pelo Bairro Alto, Largo Camões, Cais do Sodré, Praça do Comércio, Sé e só na Graça é que encontraram um lugar para estacionar – tarefa quase impossível. Sempre deu para ir vendo o movimento nocturno e candeeiros vermelhos. Depois de estacionar, toca a andar a pé! Da Graça seguimos o percurso azul (o que correspondia ao Miradouro das Portas do Sol até às Escadinhas de São Cristóvão).
Quer de automóvel, quer a pé, as únicas coisas que vimos foram candeeiros com papéis celofane azuis e vermelhos, umas caras projectadas em telas no meio da rua e uns tubos luminosos. Tudo bem que do percurso verde só vimos o início da Rua de Santa Justa, mas mesmo assim soube-nos a pouco, a muito pouco. Sim, é giro ver uma cidade de cara lavada que não dorme, cheia de vida, movimento e cor. Mas… e os projectos? Quase digo que o melhor de tudo foi descobrir onde é que fica o Chapitô, a escola de artes circenses.

Ao ver isto, que julgo ser um evento falhado, pergunto: se há ideias, porque não são aproveitadas? Se há projectos, porque é que não se esforçam para criar boas coisas? Decerto que desta vez não era falta de dinheiro… Porque é que não se investe mais na cultura no nosso país? E se a arte contemporânea urbana existe (e acredito que sim), porque é que não a tornam visível? Será que só os graffitis são o símbolo da (sub-)urbanização actual?